Em resposta necessária ao ataque do patronado e do Governo Federal contra o Correio Saúde e a tentativa ilegal de implementação do Postal Saúde, os trabalhadores em correios e telegráfos deflagaram greve geral por tempo indeterminado. Um calendário de lutas foi aprovado em plenária nacional e contava desde panfletagens entre os trabalhadores até assembleias para decretar estado de greve. Em alguns estados, porém, os sindicatos da categoria se esquivaram da tarefa de mobilizar os trabalhadores em seus locais, já mostrando de que lado estavam jogando: contra os trabalhadores e os direitos conquistados pela categoria.
Mas o que é o Postal Saúde?!
O Postal Saúde é um modelo privado de convênio através do qual a assistência à saúde deixa de ser um dever a ser cumprido e garantido pela empresa (portanto, um direito do trabalhador), para se tornar uma associação da qual o trabalhador é “livre” para aderir ou não. Quem financia o Postal Saúde são os associados, os trabalhadores. A forma do financiamento será definida em regulamentos ou Convênios que será estabelecida mediante o interesse da Empresa brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e das parcerias com setores privados de assistência à saúde, e não pelos interesses dos trabalhadores.
Antes, a forma de convênio se dava pelo Correio Saúde que tinha a natureza de “benefício de assistência médica, hospitalar e odontológica”. A ECT responsabiliza-se, nesse modelo, por prestar gratuitamente os serviços de saúde ou através de compartilhamento conquistado através dos últimos acordos e dissídios coletivos. O Postal Saúde não presta por si só os serviços de assistência à saúde, mas gerencia planos privados que a ele aderem. A ECT visa, portanto, desvincular-se da responsabilidade de prestar esses serviços diretamente e para isso cria uma nova entidade: o Postal Saúde.
Em resumo, o objetivo da Empresa é cortar gastos com os trabalhadores e familiares e aumentar seu lucro.
E na Bahia, como se deu o processo?
Os trabalhadores dos Correios da Bahia decidiram entrar em greve por tempo indeterminado no dia 30 de janeiro de 2014. Mais de cem trabalhadores compareceram à assembleia e passaram por cima da atual direção pelega do SINCOTELBA (Sindicato dos trabalhadores em Correios e Telégrafos do Estado da Bahia) – ligada à Articulação Sindical/PT – que estava e ainda se mantém do lado da ECT buscando, a todo o custo, evitar a greve. A Bahia foi um exemplo para outros estados, cuja direção do sindicato se recusou mobilizar os trabalhadores, mostrando que não era contra a implantação do Postal Saúde, porém a base se levantou contra essa decisão e decidiu assumir a luta por conta própria.
A direção do SINCOTELBA, porém, expondo seu rabo com a empresa e mostrando que dela é nada mais é do que colaboradora, fez de tudo para acabar com a greve legítima dos trabalhadores ecetistas da Bahia.No dia 12 de fevereiro, foi realizada uma assembleia em Salvador com a presença de dezenas de pessoas não conhecidas pela categoria. Nos encaminhamentos, a direção do SINCOTELBA apenas perguntou quem gostaria de acabar com a greve. Sem colocar em votação a manutenção da paralisação, a direção encaminhou que, a partir daquele dia, os trabalhadores da Bahia voltariam ao trabalho no dia seguinte e ficariam em estado de greve. UM GOLPE! Ao final da assembleia, os trabalhadores que quiseram manter a paralisação fizeram um abaixo-assinado, reafirmando a necessidade de manter a greve e interromper as atividades do correios no estado. Além disso, no mesmo dia, houve uma assembléia em Feira de Santana e os ecetistas de Feira de Santana votaram pela continuidade da greve. Ou seja, a decisão encaminhada pelo SINCOTELBA NÃO REPRESENTA a vontade dos trabalhadores da Bahia, que, na assembléia do dia 10 de fevereiro, rejeitaram uma proposta absurda apresentada pela Empresa.
Diante da necessidade de continuar em greve na luta contra a implementação do Postal Saúde, os ecetistas baianos organizaram um abaixo-assinado que reuniu mais de 630 assinaturas de trabalhadores de diversas cidades com o intuito de autoconvocar uma assembléia para definir os rumos da greve. Agora, trata-se de uma assembléia organizada pelos trabalhadores para defesa dos interesses dos trabalhadores, ou seja, os próprios ecetistas decidirão os rumos do movimento e não um grupo de infiltrados da direção do sindicato. Não bastasse enganar e dar um golpe na categoria, a direção do sindicato dificulta de todas as formas que os trabalhadores se organizem para autoconvocar uma nova assembléia: inicialmente, divulgaram que se tratava de um procedimento ilegítimo, uma inverdade para enganar os trabalhadores; em seguida, recusaram-se a convocar uma nova assembléia a pedido de associados; depois recusaram-se a receber a autoconvocatória e pediram para que a empresa fizesse o mesmo. As estratégias golpistas da atual direção do sindicato não deram certo, pois a assembléia foi autoconvocada seguindo a lei e o estatuto do SINCOTELBA e a ECT teve que receber os ofícios e a convocatória da assembléia geral.
Mais do que nunca, é necessária a retomada da organização dos trabalhadores para combater o postal Saúde e combater aqueles que defendem essa política de privatização da saúde dos ecetistas que se trajam de sindicalistas, mas são na verdade capachos da empresa. É hora de denunciar aos quatro ventos os golpes da ECT e seus ajudantes! Os trabalhadores são contra o Postal Saúde e entendem que a greve é a maneira mais efetiva de impedir a retirada do maior benefício conquistado!
Por isso, nós, da Intersindical e do Coletivo Contra Corrente, ao compreender a necessidade de se lutar por um direito legítimo conquistado pelos trabalhadores, viemos denunciar o processo de opressão e golpes que a categoria vem levando e que a Saúde do trabalhador não pode ser tratada como uma mera mercadoria que vise o lucro daqueles que detém o controle do acesso dos serviços, e declaramos TOTAL APOIO AOS TRABALHADORES, À GREVE DOS CORREIOS E CONTRA A IMPLANTAÇÃO DO POSTAL SAÚDE!!!!!
INTERSINDICAL: Instrumento de Luta e Organização da classe
Coletivo Contra Corrente